O professor Paulo Caramelli, do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina da UFMG, foi indicado para o Conselho Mundial de Demência (WDC, da sigla The World Dementia Council). O docente desenvolve pesquisas sobre doença de Alzheimer e demência frontotemporal, área que abrange a relação entre educação e reserva cognitiva na população idosa.

Sua indicação foi feita pelos atuais participantes. “O objetivo do conselho é trabalhar para melhorar as condições de vida das pessoas afetadas por demências e das suas famílias e fomentar o desenvolvimento de novos tratamentos medicamentosos e não medicamentosos para demências, entre elas, a doença de Alzheimer”, afirma Caramelli. 

O WDC reúne especialistas nas áreas de pesquisa, ensino, indústria, governos e ONGs de diversos países, incluindo lideranças com diagnóstico pessoal de demência. “A ideia é que, no futuro, os países tenham planos nacionais sobre demência. Estou representando um número grande de pessoas que trabalham de forma dedicada e em condições muitas vezes adversas, sem infraestrutura e financiamento ideais”, enfatiza o professor. Ele avalia que o convite reconhece “a qualidade das atividades de pesquisa, ensino e extensão realizadas no Brasil e também a UFMG e outras universidades do país”.

Peso da América Latina
A entrada do professor no Conselho também é reveladora do peso da América Latina no campo das pesquisas sobre demências, já que a região tem uma das prevalências mais altas do mundo, com envelhecimento populacional rápido e grande população absoluta, segundo o professor Caramelli. “Um colega argentino já integra o conselho, e o convite feito a mim aumenta a representatividade da região no WDC”, diz.

Os membros nomeados atuam no Conselho por período fixo de três anos. O WDC informa que, tradicionalmente, os especialistas são escolhidos por seus “insights únicos, experiência verdadeiramente global e conhecimento incomparável”.

O professor da Faculdade de Medicina passou a coordenar recentemente as atividades brasileiras do Fingers, ensaio clínico internacional que busca compreender a eficácia da prevenção do comprometimento cognitivo, baseado na estratégia de mudança de estilo de vida e na intervenção não medicamentosa. Ele também estuda os impactos da pandemia de covid-19 em pessoas com demência. Piora da memória, aumento da agressividade e agitação são alguns dos sintomas mais observados nos pacientes.

Caramelli é professor titular do Departamento de Clínica Médica da Faculdade de Medicina, coordena o Grupo de Pesquisa em Neurologia Cognitiva e do Comportamento da Instituição e o Serviço de Neurologia do Hospital das Clínicas (HC) da UFMG. Conheça a trajetória do professor no perfil da série Projeto Pesquisadores, produzida pela equipe do Centro de Comunicação Social da Faculdade.

O Conselho
O Conselho Mundial de Demência foi criado em 2013, após reunião do então G8 (grupo que reúne os sete países mais industrializados do mundo e a Rússia). A direção da entidade está baseada em Londres, Reino Unido.

Demência é um termo utilizado para descrever sintomas de um grupo vasto de doenças que causam declínio progressivo no funcionamento do corpo –incluindo perda de memória, capacidade intelectual, raciocínio e competências sociais – e alterações das reações emocionais.

Link: https://ufmg.br/comunicacao/noticias/paulo-caramelli-da-medicina-e-indicado-para-o-conselho-mundial-de-demencia